terça-feira, 5 de setembro de 2017

Pisa a pé faz diferença?


Pelas vínicolas de Portugal, encontramos a conservação de uma tradição milenar que remonta a Roma antiga: a pisa a pé. Bem presente em alguns dos grandes produtores do Douro e na extensa tradição do vinho do Porto, as uvas são esmagadas em lagares, geralmente consituidos por granito, até à extração do mosto. Posteriormente, inicia-se o processo de fermentação para a obtenção do vinho. Atualmente, a maioria dos produtores trocou este método tradicional por prensas automáticas.
A pisa a pé faz diferença?
Os especialistas dizem que sim! A pisa a pé permite uma maior extração de cor e aromas dado que o ato de espremer as uvas é mais intenso e demorado, aumentando o contacto das cascas com o mosto. São as cascas que vão trazer aromas, estrutura e cor ao vinho. Na pisa a pé, o esmagamento dura várias horas, em contraste com os minutos que demora numa prensa automática. Nesta, elementos indesejados como as sementes são quebrados dando uma amargura e um aroma herbáceo ao vinho. Reconhece-se que vinhos produzidos com recurso à pisa a pé mostram intensidade aromática e carácter.

Esta técnica é no entanto cara e demorada, levando ao elevado uso de apoio mecânico pelas vinícolas. Este método  acaba por muitas vezes ser só utilizado para os grandes vinhos. Verificamos também que a maioria dos vinhos do Porto correntes já não são feitos a partir da pisa a pé. Há, no entanto, produtores que mantêm o costume intacto como a Quinta da Pacheca. O enoturismo tem trazido um novo interesse por esta tradição, que mantém viva a prática!