terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Cabernet Sauvignon – a rainha das uvas tintas!


Com origem na região Bordeaux (sudeste de França), a Cabernet Sauvignon tem se imposto como a rainha das uvas tintas. Apesar da sua origem francesa, podemos encontrá-la difundida pelo mundo sobretudo em zonas mais temperadas e quentes. Foi nos anos 70 que se tornou uma casta internacional depois da descoberta a sua versatilidade. Em 1996, foi reconhecida como um cruzamento entre Cabernet Franc e Sauvignon blanc pela Universidade da Califórnia. A par da Merlot, a Cabernet Sauvignon é a variedade mais plantada do mundo! 

Que vinhos produz?

De cor profunda, taninos bem presentes e ligeira acidez, proporciona vinhos com aromas complexos como ameixa, cereja, amora, cassis, especiarias, menta e eucalipto. Em climas mais frios podemos encontrar também pimento. Quando envelhecidos em madeira, os aromas de baunilha e café surgem usualmente. A característica de destaque desta casta é a sua capacidade de envelhecimento devido ao teor elevado de taninos. Quando amadurecida em carvalho, proporciona vinhos complexos, de guarda com grande longevidade! É assim uma casta muito utilizada na criação de vinhos nobres de topo de gama.

Onde encontramos em Portugal?

Apesar do contágio mundial, Portugal integrou esta casta de uma forma mais controlada e sem grandes histerismos. Podemos encontrá-la nas regiões do Alentejo, Setúbal, Bairrada e Tejo, na maioria das vezes em blends com castas autóctones. A touriga nacional e o aragonês são geralmente parceiros nos seus blends.


Apesar dos grandes tintos, a Cabernet Sauvignon também já permitiu a criação de rosés, brancos e espumantes como os israelitas. É vulgarmente mencionada como a casta perfeita para acompanhar carne. Atualmente é a uva tinta mais avaliada na Wine Spectator, e está bem presente nas listas dos melhores vinhos. Indubitável a grandeza desta casta!


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O bag-in-box - a alternativa para o dia-a-dia!

O garrafão do século XXI, o bag-in-box invadiu a europa com o objetivo de facilitar quem bebe vinho diariamente. Criado em 1960, tornou-se muito popular devido à excelente relação qualidade preço e à preservação da qualidade de vinho. Constituído por um saco de polietileno, é considerado um dos plásticos mais seguros na indústria alimentar. Podemos encontrar no mercado box’s de vinho tinto, branco e rosé em formatos de 3 e 5 litros a preços muito competitivos.

Quais as vantagens do bag-in-box?
- É uma alternativa muito mais económica que o vinho em garrafa.
- Uma opção mais ecológica dado que é reciclável registando menor impacto ambiental.
- Permite melhor transporte e arrumação dispensando igualmente saca-rolhas.
- Pode ser bebido por um período até 6 semanas dado que que o sistema de vácuo da torneira permite retirar o vinho sem a entrada de ar. Para além disso, a bolsa plástica é feita de forma a proteger da luz. Produtores garantem a qualidade intacta do vinho.
- Podemos encontrar no mercado vários produtos de grandes vinícolas garantindo a qualidade.

Quais as desvantagens?
- Não é opção para vinhos de guarda ou para envelhecimento. Sempre que é utilizada a torneira, há uma micro-oxigenação daí haver sempre uma data de validade.
- Geralmente só encontramos vinhos de entrada de gama.
- No caso dos vinhos brancos, não é prático colocar a embalagem no frigorífico.
- Não é a opção mais elegante para um jantar especial.
- Não é uma boa alternativa para quem pretende um vinho especial.


Em vários países, o bag-in-box tornou-se uma opção perfeita para muitos consumidores apesar de haver ainda um grande preconceito. Quem pretende beber um vinho especial de vez em quando, esta não é a melhor opção. No entanto, para muitos europeus que bebem vinho diariamente é uma forma mais económica e prática. Precisamos também recordar que esta alternativa veio ajudar muitos produtores a escoar os vinhos de entrada de gama. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Jerez - a pérola da Andaluzia!


Jerez, Xerez ou Sherry é um dos vinhos fortificados  mais complexos que tem se destacado internacionalmente. Com mais de 3000 anos de existência, é produzido na região de Jerez na Andaluzia (Sul de Espanha). Carrega uma cultura milenar complexa de envelhecimento de vinho em soleira. Historiadores encontraram evidências que Colombo bebeu Jerez na sua viagem para a América e que era a bebida preferida de Shakespeare. A verdade é que este vinho fortificado esteve presente na mesa das realezas nos séculos XVII e XVIII.


"Flor"
Mas afinal o que é o Jerez?

Produzido maioritariamente pela casta “Palomino” que após o esmagamento é fermentado em barris e posteriormente sofre adição aguardente vínica. Quando finalizado, começa o processo de solera, o vinho é armazenado em barris com ¾ da capacidade ocupada. O mesmo ganha uma camada denominada “flor” que consiste num fungo responsável pelo sabor típico do Jerez. O sistema de solera permite a mistura de vinhos velhos e novos de forma a manter a “flor”. 

Sistema "solera"
Como outros vinhos fortificados o Jerez pode ser encontrado em várias categorias e versões: fino, montillado, oloroso, palo cortado, amontillado, manzanilla, barrameda, cream e Pedro Ximenez. Alguns são secos outros muito doces e as suas categorias variam conforme a influência ou não da “flor”. 


Apesar da sua longa história, hoje o Jerez é um vinho moderno cada vez mais presente em restaurantes de luxo para acompanhamento de aperitivos e sobremesas. Com uma percentagem alcoólica entre 15% e 18% deve ser consumido com moderação. Para além disso, é  possível a degustação da sua aguardente vínica. O mundo dos vinhos fortificados é enorme e o Jerez daria para horas de leitura. Curioso? Se já o experimentou, partilhe connosco! 


quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Por que razão as garrafas têm 750ml ?

A grande maioria das garrafas de vinho que adquirimos têm o tamanho habitual de 750ml. É tão comum e está tão enraizado na nossa cultura que nem nos questionamos o porquê. Não teria mais lógica, venderem garrafas de 1 litro? Apesar das dezenas de tamanhos existentes, o mundo dos vinhos abraçou totalmente esta medida.

Mas qual a razão?

A origem é controversa dado que existem várias opções em cima da mesa. No entanto, a mais consensual explica que a origem está na Inglaterra. No século XIX, o vinho era importado da região de Bordeaux (França) e o sistema métrico dos dois países era distinto. Os vinhos eram importados em barris de “50 galões imperais” correspondente a 225 litros. Posteriormente, o vinho era distribuído por garrafas e aí surge a necessidade de um número redondo. Os ingleses logo chegaram à equação de 225 litros = 300 garrafas de 750ml. Tornou-se assim vulgar esta medida.

Há quem admita que o tamanho padrão deveu-se à facilidade na produção de garrafas. No século XIX, a produção das mesmas era feita a partir de vidro soprado e geralmente 1 sopro era suficiente para atingir o tamanho de 750ml. No entanto, à parte de lendas e histórias há quem seja cético e defenda que a medida corresponde unicamente a 3 medidas/doses de 250ml, ou seja, o consumo ideal de vinho.

À parte de polémicas, o tamanho standard veio para ficar e não nos livramos dele! As “meias garrafas” vendidas no mercado correspondem a metade de uma garrafa de 750 ml e as Magnun ao seu dobro. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Commandaria - o vinho mais antigo do mundo?

Segundo o Guinness World Records, Commandaria é o vinho mais antigo do mundo em produção! Originário da ilha de Chipre, no mar mediterrâneo, está comprovado que o vinho é produzido há mais de 4000 anos. Estamos a falar de um vindo doce, fortificado que atingiu a sua fama na idade média e posteriormente entre os Cavaleiros Templários do século XII. O seu nome tem origem na área onde os cavaleiros construíram o castelo Kolossi, “grande commandaria”. O vinho era tão relevante na região que podemos encontrar esta lenda num poema de 800 a.c. do poeta grego Hesíodo.


Processo de secagem das uvas ao sol
Como é produzido afinal?
 O vinho é produzido a partir de duas castas, uma branca (Xynisteri) e uma tinta (Mavro), geralmente de vinhas muito velhas. Para além do grande amadurecimento na vinha, as uvas são deixadas ao sol até duas semanas para intensificar os seus açúcares. Como a maioria dos vinhos fortificados, a fermentação é interrompida para adição de álcool vínico e é posteriormente envelhecido em barricas durante pelo menos 2 anos. É obtido no final um teor alcoólico em torno de 15º e um vinho bastante intenso. 




O que podemos esperar do vinho?
Commandaria é considerado um vinho doce de sobremesa, com textura densa e cor de âmbar. Encontramos notas de caramelo, baunilha, mel, ervas e frutas secas. Ao contrário do vinho do Porto, à medida que envelhece vai escurecendo. 

O vinho mais antigo do mundo é assim ideal para degustar com um chocolate ou um docinho. Há quem sugira degustá-lo singularmente após uma boa refeição. Sirva-o entre 6º a 9º graus e num copo pequeno para vinhos fortificados como o vinho do Porto. Uma experiência a não perder. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Farinha de uva? Irá ser tendência?

 Farinha de uva? Sim! Nas várias inovações da ciência, eis que surgem novas investigações sobre os benefícios da farinha de uva. Rica em antioxidantes é feita a partir das sobras de uvas (cascas e sementes) na produção do vinho. Nasce assim uma solução para o reaproveitamento das sobras que beneficia em simultâneo a saúde. Para já produzida em laboratório, prevê-se que no futuro passe a ser um produto comum. 

Como é feita a farinha?

Em média, na produção de vinho a partir de 35 toneladas de uvas, obtemos uma sobra de cascas e sementes equivalente a 15 toneladas. É justamente nas cascas que encontramos grande parte dos nutrientes. As sobras são assim secadas e assadas em forno brando e posteriormente trituradas finamente. Trata-se portanto de um processo relativamente simples.

Quais os benefícios do uso da farinha de vinho?

  • 1.    Pode ajudar a emagrecer graças ao valor concentrado de antioxidantes. Auxilia assim a perda de gordura abdominal além de ajudar na luta contra o colesterol.
  • 2.    Não contém a famosa proteína: Glúten!
  • 3.    Previne doenças cardiovasculares graças à ação contra o colesterol e ao controlo da pressão arterial.
  • 4.    Contém menos 60% das calorias da farinha de trigo.
  • 5.    Possui resveratrol, importante para a prevenção de diversos cancros.
  • 6.    Ativa a circulação sanguínea prevenindo o surgimento de varizes.

Os efeitos benéficos da farinha variam por casta e encontram-se ainda a ser estudados. A farinha de vinho já foi aprovada na elaboração de massas e bolo! A grande vantagem deste produto, é sem dúvida o reaproveitamento de resíduos e a possibilidade de aumento de rendimento para os produtores de vinho. Teremos que esperar pelo futuro para vermos se é apenas uma ideia ou se será tendência. 



quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Geórgia: o berço do vinho!

A Geórgia é reconhecida como a região vinícola mais antiga do mundo! Com mais de 8 000 anos de história, orgulha-se de ser o país com mais castas nativas (500 variedades) e numerosas descobertas arqueológicas relacionadas com a vinicultura. 
A produção do vinho está intrínseca à cultura do país e o método tradicional de produção de vinho em jarros de Argila (Kvevri) é património cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Ainda hoje, as famílias pela Geórgia plantam as suas próprias uvas e produzem vinho pelo método tradicional, isto porque estão enraizadas na cultura as celebrações e a hospitalidade. É habitual, durante as refeições os Georgianos brindarem por várias vezes!
Localização da Geórgia
Para além da diversidade de castas, a Geórgia possuiu um clima ideal para o vinho. Os verões nunca são excessivamente quentes e os invernos não têm geadas. Todas as boas condições permitem uma produção de 150 milhões de litros por ano!
Um dos vinhos mais famosos na Geórgia são os vinhos meio-doces. Tradicionalmente produzidos nas montanhas, devido à colheita tardia e ao inverno antecipado, a fermentação não completa permitiu a criação de vinhos doces. Podemos encontrar estes vinhos quer tintos quer brancos, e hoje já são produzidos com excelente qualidade e com controlo de temperatura na fermentação.
Evidências arqueológicas da
produção de vinho de 4000 A.C.
Apesar da Arménia lutar pelo estatuto de país de origem do vinho, não conseguiram enfrentar as evidencias da região Kakheti (região vinícola mais importante na Geórgia). A influência deste pequeno país nos nossos dias é tanta que foi da palavra “gvino” (vinho em georgiano) que surgiu o nome da bebida. Hoje, o país investe no enoturismo e podemos encontrar facilmente várias rotas pelas marcas arqueológicas da vinicultura. Um país fascinante para conhecer! 


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O aroma a limão no vinho!

Aromas  do Arinto
No processo de análise sensorial ao vinho, identificamos vários aromas quer no nariz quer na boca. O facto de um vinho cheirar/saber a limão, não significa que foi adicionado sumo de limão.  O processo de vinificação natural e o amadurecimento do vinho é que permite a criação de moléculas aromáticas que coincidem com o aroma a limão.

Já falámos anteriormente no aroma a maçã e hoje vamos falar noutro aroma bastante comum nos vinhos brancos o limão!

O aroma a limão está associado ao caracter cítrico do vinho, isto é, à quantidade presente de Citroneol. Muitas vezes, degustamos um vinho e sentimos o caracter cítrico associado à sensação de acidez e frescura. Ao contrário de outros aromas ácidos como a laranja, o limão não traz notas doces ao vinho.

Onde encontramos este aroma?

Muitas vezes presente em vinhos brancos mais ácidos e jovens como o vinho verde e em vinhos de origem de climas frios. As grandes castas representantes deste aroma são sem dúvida o Arinto e o Riesling. Para além da região dos vinhos verdes, podemos encontrar limão nos brancos do Dão com a famosa casta Encruzado e nos vinhos jovens e vibrantes de Fernão Pires. Este aroma, em geral, não é possível encontrar quando há um elevado amadurecimento das uvas.

Vejamos algumas castas onde podemos encontrar este aroma:
  • Arinto
  • Antão Vaz
  • Alvarinho
  • Encruzado
  • Fernão-pires
  • Gouveio
  • Verdelho
  • Roupeiro
O limão é um aroma primário do vinho branco e um dos mais fáceis de identificar quer no nariz quer na boca. Encontramos em Portugal, frequentemente nos vinhos verdes, vinhos do Dão e em vinhos com a casta Arinto. O limão, sem dúvida, traz um carácter fresco e vivo aos vinhos! 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Comida picante e vinho? Sim, é possível.

Hoje assinala-se o dia internacional da comida picante e não poderíamos passar a data em branco. A relação do vinho com o picante é polémica dado que há quem tenha tentado harmonizar com insucesso.   Quando falamos em comida mexicana, africana ou indiana associamos a outras bebidas como a cerveja. No entanto, se entendermos o impacto do picante na nossa boca, iremos encontrar vinhos que irão ser o par perfeito. Apesar da harmonia ser desafiante, é possível termos uma experiência gastronómica prazerosa.
Vejamos então algumas dicas:
Vinhos frutados são a melhor opção. 
  • Em geral, para acompanhar um prato picante, o vinho deverá ser frutado, tendencialmente doce e fresco. A doçura equilibra o excesso de ardência.
  • Evite vinhos alcoólicos! O álcool tende a acentuar o calor do picante.
  • Cuidado com os vinhos demasiado encorpados e tânicos pois podem aumentar a sensação de calor. O picante realça também a adstringência do vinho
  • Na intenção de servir um vinho branco, opte por vinhos frescos, mais ácidos e frutados como o vinho verde ou brancos de regiões mais frias. 
  • No caso do vinho tinto, escolha um vinho leve com taninos suaves, álcool moderado e frutado.
  • Prefira vinhos sem madeira dado que o picante irá realçar o aroma amadeirado. Os brancos mais envelhecidos não são a melhor eleição.
  • Todos conhecemos a versatilidade dos espumantes. São sempre uma boa escolha para acompanhar um prato picante dada a sua frescura característica. Frisantes como o Lambrusco são uma ótima escolha pois conciliam doçura com frescura.

Como qualquer harmonização, a subjetividade está sempre presente. Não há nada como experimentar! No geral, um prato picante necessita de um vinho simples, frutado e fresco como os famosos "vinhos fáceis de beber".  O vinho é sempre uma boa companhia para qualquer experiência gastronómica. Ficamos a aguardar as vossas sugestões. 


sábado, 14 de janeiro de 2017

O que é afinal um vinho estruturado?

Quantas vezes ouvimos falar em vinho estruturado? Se para uns o termo é básico, para muitos ainda causa dúvidas. Antes de mais, precisamos entender o que é a estrutura dos vinhos.

Estrutura = Taninos + Álcool + Acidez

A estrutura do vinho consiste na sua constituição que é percebida no paladar num equilíbrio entre o grau alcoólico, a acidez e textura. Não está relacionado com o sabor mas sim com todas as condições necessárias para o vinho envelhecer bem. Um vinho estruturado é assim um vinho que tem uma boa constituição e presença de álcool, ácidos e taninos. Com carácter, mostra-se um vinho completo e com vida que permite envelhecer com sucesso. Vinhos não estruturados são vinhos aborrecidos sem acidez e demasiado macios que não terão possibilidade de evoluir.

    De uma forma geral, a acidez é essencial para trazer frescura, vivacidade e para abrir os aromas. O excesso de acidez irá tornar um vinho amargo e irá salientar os seus taninos, tornando-o intolerável. A acidez é percebida através da elevada salivação e nos pontos laterais da língua.
   O álcool é o agente responsável pelo corpo do vinho e é uma peça fundamental para a sua conservação. Consiste essencialmente da fermentação dos açúcares das uvas maduras. A doçura é percebida na ponta da língua.
   A função essencial dos taninos é dar estabilidade e textura ao vinho.  Um vinho com excesso de taninos será adstringente e amargo. Na quantidade certa os taninos promovem a longevidade e a conservação do vinho atuando num papel crucial para o envelhecimento do mesmo. Quando os taninos estão equilibrados, o vinho torna-se macio, suave e aveludado.

Criar um vinho estruturado exige um equilíbrio perfeito dos vários componentes. Uma das tarefas mais difíceis de um enólogo. Quando atingindo o ponto certo, iremos desfrutar de um momento especial e prazeroso. 


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Vinhos com ou sem madeira?

O mundo dos vinhos não escapa a modas e tendências. A relação do vinho com a madeira é controversa e cíclica. Tudo começou com o uso da madeira para transporte do vinho e hoje é um mercado que movimenta milhões. Portugal não é indiferente dado que é um dos países do mundo que mais inclui madeira nos seus vinhos. Hoje, enólogos investem num conhecimento profundo sobre os tipos de madeira, origem, tostas, barricas etc… É tudo escolhido a dedo, uma arte! Encontramos consumidores que não dispensam a madeira num vinho e outros que preferem vê-la longe.

Vejamos os prós:

A madeira mais utilizada é o Carvalho, quer o Francês quer o Americano, que contribui para a criação de aromas mais complexos e diferenciados. A partir de vinhos com estrutura, a madeira permite arredondar os taninos, anular o caracter vegetal e atingir a plenitude da maturação. Em geral a madeira possibilita o surgimento de aromas mais distintivos como especiarias, café, baunilha, chocolate, mel etc.. Os vinhos tornam-se assim mais volumosos e complexos gerando os grandes vinhos de guarda. Esta arte, quando bem empregue, cria grandes maravilhas!

Vejamos os contras:

Na entrada de novos países no mundo dos vinhos, a tentativa de imitação do vinho europeu proporcionou que os novos produtores adotassem intensamente o estágio em madeira. Recentemente, muitos produtores chegaram à conclusão que os vinhos tornavam-se demasiado amadeirados e complexos e começaram a criar vinhos mais frescos e menos amadeirados. Hoje já é tendência a aposta em vinhos frutados, jovens e “fáceis de beber”, havendo assim uma maior panóplia de opções. A verdade é que nem todos os vinhos podem ser estagiados em madeira. Os mais leves não suportam o impacto da mesma. É crucial para um enólogo equilibrar a madeira com a fruta o que nem sempre é conseguido. Há vinhos que a intensidade da madeira é tanta que não conseguimos encontrar vinho no copo. Daí muitos consumidores procurarem vinhos mais jovens. Hoje a maioria das grandes vinícolas produzem vinhos com ou sem estágio de forma a alargar o mercado. Há ainda quem opte pelo estágio em garrafa em alternativa. 


A enologia como qualquer ciência vai mostrando recuos e avanços. Se os vinhos estagiados em madeira têm abrilhantado o mundo com aromas únicos e texturas aveludadas, os sem estágio têm mostrado leveza, frescura e a verdadeira fruta. Cada um terá o seu lugar e gostos não se discutem. 



quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Vinho pela caixa de correio? Sim, em Londres!

Do coração de Londres, surge uma empresa inovadora que pretende resolver o problema da entrega de vinhos pelo correio. A Garçon Wines criou uma garrafa de plástico semelhante ao vidro que pode ser colocada nas caixas de correios habituais da cidade! A ideia base foi pensada por Joe Revel ao ouvir um amigo a queixar-se que nunca estava em casa no momento da entrega dos vinhos. Em resposta ao aumento de consumidores que encomendam vinho pela Internet, o negócio tem como alvo os consumidores citadinos mais jovens e com vidas mais atarefas!

Como funciona?

Os clientes escolhem uma assinatura que define a frequência que pretendem comprar. As garrafas contém 750 ml como as habituais mas são mais planas e compridas de forma a poderem entrar numa caixa de correio. O design foi pensado por diversos especialistas pelo mundo durante um ano e meio! A assinatura poderá ser cancelada a qualquer momento, e se quiserem começar com uma garrafa por mês, têm que suportar um custo de 10libras (11,53€). O mais atraente neste negócio é que podemos encomendar um vinho e o mesmo ser entregue em casa sem estarmos fisicamente lá. Há também o comodismo de estar em casa e encomendar vinho como se fosse uma pizza! Pode também ser uma opção para oferecer como presente.

As encomendas começam em Fevereiro, e a empresa promete que a qualidade do vinho não é afetada pela garrafa em plástico. De notar que a empresa não irá vender vinhos de guarda, serão só vinhos que deverão ser consumidos num prazo de um ano. Estamos perante a modernização na comercialização do vinho. Será experiência ou tendência?


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O Moscatel de Setúbal!

Quando falamos em vinhos generosos portugueses rapidamente vem à mente o vinho do Porto, Madeira e Moscatel de Setúbal. Se o Porto e Madeira vivem em glória com a projeção internacional, o Moscatel de Setúbal vive uma realidade diferente. Com apenas 340 hectares de vinha, o Moscatel de Setúbal é produzido para o mercado interno mas ainda com uma presença inferior na garrafeira dos portugueses face ao Vinho do Porto. A exportação deste vinho licoroso é ainda reduzida e o seu maior mercado é a região de Lisboa e Setúbal. É portanto um vinho que precisa de uma maior divulgação nos mercados internacionais e no mercado interno.

O que é afinal o Moscatel de Setúbal?

Estamos a falar num vinho generoso produzido a partir das castas Moscatel de Setúbal e Moscatel roxo com uma graduação alcoólica compreendida entre 17º e 18º. É igualmente uma DOC (denominação de origem controlada) com centro em Azeitão na Península de Setúbal que foi criada em 1907! Para produzir o vinho, as uvas moscatel são colhidas bem maduras e no processo de fermentação há uma interrupção para adição de aguardente. Posteriormente o vinho é estagiado quatro anos em barrica. Atualmente o Moscatel roxo tem uma presença mais débil com apenas 10ha de plantação.

Como descrever o vinho?

De cor dourada desde topázio ao âmbar, apresenta uma textura suave e aromas intensos, florais com destaque para os frutos secos, mel, flor de laranjeira, especiarias, café e chocolate numa mistura de sensações. Em geral são vinhos bastante perfumados, doces, exóticos e com aromas inesquecíveis. Assim como a maioria dos vinhos generosos, podemos encontrar lotes de 20,30 e 40 anos de estágio. Já o Moscatel Roxo, possui aromas mais intensos, complexos e mais secos. Um vinho que não deixa ninguém indiferente.


Dado o seu grau alcoólico e a sua doçura (grau de açúcar no vinho varia entre os 90g e os 200g por litro), o Moscatel é considerado um vinho de sobremesa que concorre com outros vinhos generosos como o Vinho do Porto. Apesar de pouco difundido, a região de Setúbal tem produzido excelentes moscatéis com vários prémios atribuídos. Deixo-vos a sugestão.


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

As vinícolas portuguesas no top 100 mundial!

Hoje fomos analisar a posição das vinícolas portuguesas no ranking da WAWWJ (World Association of Writers and Journalists of Wines and Spirits). A associação elabora vários rankings quer por países, vinícolas ou vinhos com base em vários concursos internacionais. Portugal encontra-se no ranking dos melhores países em 5º lugar e regista 2879 prémios em 20 concursos e 22 vinhos do ano em 2016. A melhor vinícola do mundo é Portuguesa, a famosa Sogrape e o melhor vinho é Sandeman Porto Tawny 40 Years Old!

No top 100 podemos encontrar 11 vinícolas portuguesas, deixamos assim o ranking português:

1 - Sogrape Vinhos De PortugalS.A. Fundada em 1942 pelo criador do Mateus Rosé tem criado marcas como o BarcaVelha, offley, gazela entre outros. É a melhor vinícola do mundo!

2 - Symington Family Estates. Maior produtor de vinho do Porto do país, atualmente detém 20 quintas no Douro e marcas como Altano e Graham's. 

3 - Cooperativa Agricola De Santo Isidro De Pegões Crl. Da Península de Setúbal, produz mais de 5000000Kg de uva possuindo 967 hectares de vinha. Tem conquistado vários prémios com os seus vinhos. 

 4 - Dfj Vinhos Sa. Da região de Lisboa, foi a única que ganhou 2 vezes o concurso “Red of the Year” destacando-se internacionalmente.

5 - Casa Ermelinda FreitasVinhos Lda. Com gestão feminina, produz na região de Setúbal 9 milhões de litros por ano! Tem se destacado também com os seus Moscateis. 

6 - Enoport Produção De Bebidas S.A. Produzindo em várias regiões do país, possui grandes marcas como Cabeça de Toiro, Fim de século e Romeira.

7 - Casa C. Da Silva- Produtora essencialmente de vinho do porto, detém a marca Dalva.

8 - Casa Agrícola Alexandre Relvas - São Miguel Vinhos. No coração do Alentejo, gere vinhos como Monte de amigos e Ciconia.

9 - Casa Cortes De Cima Lda/Hans Kristian Jorgensen Localizada perto da Vidigueira no Alentejo, produz vinhos reconhecidos como o cortes de cima, chaminé e incógnito. Uma das casas alentejanas mais prestigiadas.

10 - Barão De Vilar Vinho S.A. Na região do Douro, parte do seu investimento é dirigido a vinhos do Porto.

11 - Rozès S.A. Grande produtora de vinhos do Porto, produz marcas como Terras do grifo e conde Monsul.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Vinho depois de aberto - o que fazer?

Quer num jantar de amigos, quer sozinhos, muitas vezes abrimos garrafas de vinho que não são consumidas por completo. Surge logo a dúvida da preservação do resto do vinho. Um vinho engarrafado evolui lentamente podendo aguentar anos. No entanto, depois de aberto, o contacto com o oxigénio acelera o processo. Os vinhos mais complexos, usualmente necessitam de respirar antes do consumo. Assim, o vinho bebido um dia depois de aberto terá características distintas do momento que foi aberto. Alguns enófilos  não consomem posteriormente o vinho, contudo, o vinho pode manter-se consumível por 3 dias, em geral. A forma como é conservado o vinho fará diferença.

Vejamos algumas regras básicas:

- Espumantes: Independentemente da qualidade, depois de aberto perdem o gás carbónico e o aroma em poucas horas. Devem ser consumidos no imediato.
- Vinhos tintos: Os vinhos mais leves podem durar no máximo 2/3 dias sem perderem qualidades já os mais encorpados e complexos podem chegar aos 5 dias.
- Vinhos brancos: Apesar de haver várias opiniões, no geral, admite-se que duram no máximo 2 dias, se guardado numa temperatura baixa.
- Vinhos Rosés: Dado o processo de vinificação são mais perecíveis, devem ser consumidos no mesmo dia.
- “Bag in box": Uma alternativa para quem bebe um copo de cada vez uma vez que duram cerca de 6 semanas.

Tempo de conservação aconselhável
Como conservar?

- Vinho deve ser armazenado em local frio e escuro mesmo no caso dos vinhos tintos. O frigorífico irá desacelerar o processo de oxidação.
- Opte por tapar a garrafa com um vedante de metal em vez da rolha que já se encontra provavelmente suja e inadequada.  
- As garrafas devem ser guardadas em pé de forma a reduzir a área em contacto com o ar.
- Evite guardar a garrafa na porta do frigorífico pois sofre maior volatilidade de temperatura.
-  Tape a garrafa a cada uso.
- Já há alguns “métodos” divulgados no mercado como o uso do vácuo e gás inerte. Apesar do método do vácuo ser fácil e mais acessível, há experiências que provam que os aromas são afetados.

- O método mais defendido por especialistas é colocar o vinho numa meia-garrafa e colocar no frigorífico. Reduz sensivelmente a área de contacto com o oxigénio e é mais fácil a conservação com a temperatura baixa.