sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Vinhos com ou sem madeira?

O mundo dos vinhos não escapa a modas e tendências. A relação do vinho com a madeira é controversa e cíclica. Tudo começou com o uso da madeira para transporte do vinho e hoje é um mercado que movimenta milhões. Portugal não é indiferente dado que é um dos países do mundo que mais inclui madeira nos seus vinhos. Hoje, enólogos investem num conhecimento profundo sobre os tipos de madeira, origem, tostas, barricas etc… É tudo escolhido a dedo, uma arte! Encontramos consumidores que não dispensam a madeira num vinho e outros que preferem vê-la longe.

Vejamos os prós:

A madeira mais utilizada é o Carvalho, quer o Francês quer o Americano, que contribui para a criação de aromas mais complexos e diferenciados. A partir de vinhos com estrutura, a madeira permite arredondar os taninos, anular o caracter vegetal e atingir a plenitude da maturação. Em geral a madeira possibilita o surgimento de aromas mais distintivos como especiarias, café, baunilha, chocolate, mel etc.. Os vinhos tornam-se assim mais volumosos e complexos gerando os grandes vinhos de guarda. Esta arte, quando bem empregue, cria grandes maravilhas!

Vejamos os contras:

Na entrada de novos países no mundo dos vinhos, a tentativa de imitação do vinho europeu proporcionou que os novos produtores adotassem intensamente o estágio em madeira. Recentemente, muitos produtores chegaram à conclusão que os vinhos tornavam-se demasiado amadeirados e complexos e começaram a criar vinhos mais frescos e menos amadeirados. Hoje já é tendência a aposta em vinhos frutados, jovens e “fáceis de beber”, havendo assim uma maior panóplia de opções. A verdade é que nem todos os vinhos podem ser estagiados em madeira. Os mais leves não suportam o impacto da mesma. É crucial para um enólogo equilibrar a madeira com a fruta o que nem sempre é conseguido. Há vinhos que a intensidade da madeira é tanta que não conseguimos encontrar vinho no copo. Daí muitos consumidores procurarem vinhos mais jovens. Hoje a maioria das grandes vinícolas produzem vinhos com ou sem estágio de forma a alargar o mercado. Há ainda quem opte pelo estágio em garrafa em alternativa. 


A enologia como qualquer ciência vai mostrando recuos e avanços. Se os vinhos estagiados em madeira têm abrilhantado o mundo com aromas únicos e texturas aveludadas, os sem estágio têm mostrado leveza, frescura e a verdadeira fruta. Cada um terá o seu lugar e gostos não se discutem. 



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